
17 jul Vindima 2025 | Uma safra marcada por contrastes
A vindima 2025 foi marcada por uma temporada que trouxe alívio significativo em termos hídricos, graças à influência do fenômeno El Niño. Por outro lado, também impôs grandes desafios decorrentes das ondas de calor no verão. As condições climáticas díspares entre os vales vitivinícolas do Chile testaram, mais uma vez, a experiência e a capacidade de adaptação das nossas equipes em campo.
Neste ano, a disponibilidade de água foi consideravelmente melhor na maioria dos vales, favorecendo um bom início do ciclo. No entanto, uma primavera nublada afetou o período de diferenciação das gemas, reduzindo sua fertilidade.
Essas condições, somadas às altas temperaturas do verão — especialmente em fevereiro — impactaram o rendimento de várias variedades, afetando principalmente o tamanho dos cachos, o crescimento das bagas, além de antecipar o início da colheita em cerca de duas semanas em quase todo o país.
Em termos de produtividade, observamos uma diminuição significativa em alguns vales e variedades, especialmente as brancas. Entretanto, houve aumento em zonas onde não houve registro de geadas e nem de ondas de calor severas.
A combinação de uma primavera relativamente benigna com um verão desafiador resultou em uma vindima que exigiu decisões técnicas precisas, monitoramento constante da maturação e planejamento ágil da colheita.
Porém a experiência e o conhecimento do nosso time permitiram que safra deste ano mantivesse o nível de qualidade e excelência que caracteriza nosso portfólio. Os vinhos de 2025 mostram-se promissores, especialmente nos vales do sul do país e no Vale do Maipo.
Vale do Limarí
A temporada 2025 trouxe uma mudança importante para o Limarí, graças à maior disponibilidade de água proveniente das chuvas de inverno. Só neste período, choveu mais de 150 mm — um aumento de 550% em relação à temporada anterior. Os vinhedos apresentaram excelente estado sanitário, sem geadas na primavera e com temperaturas moderadamente quentes no início do ciclo. Janeiro e fevereiro, porém, trouxeram temperaturas elevadas, mas dentro do esperado. Foram registrados aumentos nos rendimentos das variedades bordalesas e produções estáveis de Syrah.
Vale de Casablanca
Esta região apresentou uma melhora inicial nas condições hídricas, mas sofreu forte redução na produção de variedades brancas e tintas, com exceção de Malbec e Cabernet Franc. A presença marcante da vaguada costera — nevoeiro que vem do Oceano Pacífico — afetou particularmente a primavera, comprometendo a fertilidade das gemas. Isso, somado a algumas ondas de calor em janeiro, impactou o desenvolvimento dos cachos, especialmente da Sauvignon Blanc. Estima-se uma queda de produção em torno de 30%. Apesar disso, espera-se uma qualidade muito alta, com vinhos mais concentrados e de grande intensidade aromática.
Vale do Maipo
O Maipo começou a temporada com condições muito favoráveis, com boa acumulação de água e excelente estado sanitário. Contudo, as ondas de calor do verão afetaram significativamente variedades como Cabernet Sauvignon e Merlot, com uma queda estimada de 10% em comparação a 2024. Em algumas áreas da cordilheira, especialmente em Los Andes, foram registradas geadas leves que incidiram sobre a Cabernet Sauvignon. Ainda assim, espera-se que os vinhos expressem grande estrutura e tipicidade.
Vale do Cachapoal
O Cachapoal apresentou maior disponibilidade de água em relação aos anos anteriores, o que provocou um leve atraso na brotação das principais variedades. As condições sanitárias foram majoritariamente boas, embora em setores como Machalí tenham ocorrido geadas primaveris que afetaram a Sauvignon Blanc e, levemente, a Cabernet Sauvignon. As ondas de calor do verão impactaram especialmente a Malbec e a Cabernet Sauvignon. Projeta-se uma queda geral nos rendimentos da maioria das variedades.
Vale do Maule
O Maule iniciou a temporada com níveis de água iguais ou superiores aos de 2024. No entanto, as geadas primaveris e as altas temperaturas do verão impactaram negativamente o rendimento de variedades como Carménère, Merlot, Cabernet Sauvignon e Semillon. A queda média é estimada em cerca de 18%. Apesar das perdas em volume, os vinhos tendem a apresentar grande frescor, tipicidade varietal e uma expressão mais concentrada.
Vale do Itata
Em Itata, a maior disponibilidade de água foi fundamental, especialmente considerando que muitos vinhedos operam em regime de sequeiro (sem irrigação). As condições sanitárias foram positivas, embora o rendimento deva ser igual ou levemente inferior ao da temporada anterior. Espera-se que a qualidade dos vinhos se mantenha alta, com destaque para as variedades País, Cinsault e Cabernet Sauvignon.
Vale do Malleco
Este vale do sul viveu uma temporada notavelmente positiva. A boa acumulação de água no solo e a ausência de geadas após a brotação permitiram um desenvolvimento mais completo. Prevê-se um aumento de produção, especialmente de Chardonnay e Pinot Noir, variedades que vêm se destacando nesta região. A vindima 2025 em Malleco se desenha como uma das mais equilibradas e elegantes dos últimos anos, com vinhos de alta acidez, pureza e forte expressão de origem.
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